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ISMAEL SILVA NASCIMENTO

( Pará )


Poeta.
Participou em diversos Anuários da Poesia Paraense.
Reside em Marabá há quase 4 décadas.
É evangélico, soldado, escritor.

 

VII ANUÁRIO DA POESIA PARAENSEAirton Souza organizador.  Belém: Arca Editora,  2021.  221 p.          ISBN 978-65-990875-5-4    
Ex. Antonio Miranda


O velho morreu

O velho está muito cansado
Há poucos dias ele parecia estar tão novo
Tão jovem, tão bem de saúde,
Mas era um jovem velho,
E a cada dia ele se inovava
E mostrava que era capaz de continuar vivendo,
Mas seu destino era outro,
Sua sina era partir,
Está quase chegando ao fim,
Ele partirá e deixará boas lembranças. Muitos vão falar do velho,
do incansável velho.
Que partirá consciente sem magoa, sem rancor,
Ele já sabia que seu dia estava próximo,
Muitos vão esperar sua partida,
Muitos se unirão para ver o velho partir,
Alguns sorrirão e outros chorarão,
E o seu velório será o mais bonito possível,
E quando alguém falar,
O velho morreu, muitos gritarão. E outros pegarão taça e champanha e brindarão. E também dirão, Feliz ano novo.

Noite feliz

Noite feliz era a música que eu mais ouvia naquela noite
Mas não era à toa, pois aquela noite era véspera de natal,
24 de Dezembro de 2011 e tudo parecia ser só festa,
Pessoas indo de um lado para outro, vestiam roupas de cor vermelha
Que simbolizava o amor. Aí novamente a música em alguma casa
Lá na rua onde eu moto, vinha suavemente dizendo,
Noite feliz. Mas na realidade que noite feliz era aquela?
Em que pessoas se drogava se dopavam e se matavam. E tudo faziam
ainda diziam que era em nome do amor. Mas que amor é esse?
Que noite é essa? Em que as mães perdem seus filhos,
Mulheres perdem seus maridos, seus entes queridos. Que noite é essa de
natal que o prato principal é a violência e a dor. Cadê o amor?
Será que já acabou? Aquelas duas palavras em meus pensamentos ficaram,
Noite feliz. E ao badalo do sino que a meia noite dozes badaladas dava
Em noite fria em meus ouvidos tinia.
E para acompanhar o tinido eu também ouvia gritos, tiros e gemidos,
E na escuridão da esquina mais uma cena
— De novela? Não, de cinema.
Mais um corpo caído no chão e pessoas chorando ao lado
E lá longe, que eu quase nem mais ouvia. Aquela bela música que dizia
Noite feliz.

 

*

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Página publicada em março de 2022

 


 

 

 
 
 
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